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29.10.2011 - 10h58
O último cacique da tribo

Foto: DIVULGAÇÃO

João De Maman e sua prole

Casaram-se muito jovens, aos dezoito anos apenas. Ambos brasileiros descendentes de famílias italianas. Ele, alto e magrão, alegres e profundos olhos cor de mel, de nome abrasileirado João De Maman. Ela miúda, baixinha, meigos e ternos olhos azuis, de nome homenageando a pátria de origem dos pais, Itália Giardini. A prole foi chegando como bênção divina, depois de treze partos, catorze filhos (porque tiveram gêmeas), criaram oito até a adultez: Lourdes, Zélia, Antonio, Raul, Nestor, João, Ítalo e Ilo. João e Ítalo, evidentemente, receberam os nomes dos próprios pais.
Enquanto vovô aqui estava, nossa vida foi uma festa. Seus grandes e maiores prazeres eram reunir a turma toda nos churrascos de domingo e ao redor da mesa de carpeta. A vida da grande família girava em torno do nosso cacique, chefe respeitado e amado por todos nós. O tempo ia passando, filhas e filhos casando, netos nascendo, a tribo crescendo. Um dia, o velho cacique se foi, muito cedo para todos nós, muitos netos nem sequer o conheceram. Os filhos e genros assumiram as chefias das suas próprias famílias iniciadas na grande taba. Mas os laços entre os irmãos sempre permaneceram fortes e intensos. As boas lembranças também.
Cada um a seu tempo, todos se foram, pois a vida nesse aqui e agora não é mais do que uma viagem de volta para casa, a casa do Pai. O último cacique da tribo de João e Itália, forte e persistente foi o Ítalo. De todos os filhos, o mais franzino e que sempre requeria maiores e especiais cuidados de Vovó, foi o mais forte. Ela demonstrava permanentemente uma preocupação enorme com aquele seu menininho tão pequeno e frágil, chamava-o de Rabicó mesmo depois de tornar-se um adolescente alto e magrelo e mais tarde um sisudo e competente professor do SENAI. Ítalo casou-se e teve sua própria e grande prole. Gens herdados, também teve gêmeas que, infelizmente, como as de Vovó, não sobreviveram. Mas criou sua família junto com Terezinha, uma das muitas professorinhas moças-quase-meninas chegadas de cidades distantes para lecionar em Butiá. Apaixonaram-se e formaram sua grande e bela família. Ele de olhos cor de mel. Ela de grandes e expressivos olhos azuis.
E agora ele também se foi. Deixa para Butiá o legado de sua presença, o trabalho de toda a sua vida de educador, de pai de família, de fundador junto com outros irmãos e sobrinhos do BUTIÁ TÊNIS CLUBE, do qual foi o primeiro Presidente. Deixa para todos nós o exemplo de vida e a saudade que persistirá para sempre. Com a sua partida conclui-se o ciclo iniciado com João e Itália, uma grande família que soube viver momentos felizes em fraternidade e harmonia. Seguiu sua própria viagem nosso último cacique. Fechou-se o ciclo.
Maria Helena (Demaman)Tomé Gonçalves