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02.04.2016 - 10h46
Porto Alegre e Viamão têm os primeiros casos de gripe A do RS em 2016
Estado deve começar a vacinação na rede pública em 25 de abril

Fonte: ClicRBS

Foto: Jean Pimentel / Agencia RBS

Em 2009, o Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado brasileiro a registrar uma morte em decorrência da gripe A, classificada à época como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sete anos depois, a doença volta a circular pelo país em uma intensidade maior do que em 2015: já são 42 óbitos contra 30 registradas ao longo do ano passado. Os casos recentes ocorreram em São Paulo e Santa Catarina. Por aqui, dois casos de H1N1 já foram confirmados, um em Porto Alegre e outro em Viamão.

Na sexta-feira, o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo, comentou a situação. Um dos pacientes é uma criança de três anos, vacinada em 2015, e internada desde o último dia 23. Conforme Gabbardo, ela se recupera bem. Outra ocorrência é de um homem de 36 anos que não foi vacinado em 2015 e está internado desde o dia 18. Como é cardiopata, seu quadro inspira mais cuidados.

De olho no que ocorre em São Paulo e em Santa Catarina, onde foram registrados respectivamente 38 e quatro óbitos em decorrência da H1N1 neste ano, os órgãos de saúde estão atentos às notificações, que já somam 152:

— Já estamos com mais atenção, como sempre fizemos, nos casos internados. Tradicionalmente, a circulação do vírus aqui começa em abril — destaca a diretora do Centro Vigilância em Saúde (CEVS), Marilina Bercini.

Embora tenha ganhado status de surto de H1N1 em São Paulo, a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, reforça a ideia da prevenção como a melhor forma de barrar a circulação dos vírus:

— Há um número de casos acima da média do que se espera para março, mês em que tem pouca circulação do vírus. Por isso, reforçamos a orientação da prevenção. A gripe é sempre um problema com potencial de gravidade, embora não seja motivo para pânico.

Diretamente relacionada às questões climatológicas, em especial à temperatura, a circulação dos vírus ocorre de forma cíclica e é impulsionada pela aglomeração de pessoas em ambientes fechados.

— Há estudos que mostram que fenômenos como o El Niño podem antecipar ou adiar a circulação de vírus como o Influenza — explica o professor da faculdade de Medicina da UFRGS e representante da Sociedade Brasileira de Imunização no Rio Grande do Sul Ricardo Feijó.

Olho na validade das vacinas

Estava programado para sexta-feira, o começo da distribuição das vacinas contra a gripe A pelo Ministério da Saúde para os Estados. O governo estadual deve repassar as doses para os municípios que vão dar início à vacinação no próximo dia 25, antecipando em cinco dias a imunização nacional.

O público-alvo são crianças de seis meses a cinco anos, doentes crônicos, idosos com 60 anos ou mais, trabalhadores da saúde, povos indígenas, gestantes, mulheres com até 45 dias de pós-parto, presos e funcionários do sistema prisional. Ao todo, devem ser aplicadas 3.574.750 doses. Em 2015 foram 3.295.874 e houve registro de nove casos em decorrência da Influenza.

Quem não estiver dentro dos grupos deve procurar a imunização particular. Ao contrário da dose oferecida pelo governo, as clínicas privadas, em sua maioria, oferecem a versão tetravalente da vacina, que contempla duas cepas de gripe A (H1N1 e H3N2) e duas cepas da gripe B. A versão trivalente, que contempla duas cepas da gripe A e uma da B, são produzidas em menor quantidade diz Feijó, e por isso pode haver dificuldade em encontrá-las. Quanto mais cepas foram cobertas, maior a proteção, segundo a presidente da Sociedade Riograndense de Infectologia, Lessandra Michelin.

É importante lembrar que todas as vacinas que estão sendo aplicadas pelas clínicas devem ser atualizadas e contemplar as cepas definidas em setembro passado pela OMS.

Algumas clínicas particulares já operam com número limitado de vacinas por dia em função da alta procura. Ainda assim, Gabbardo diz que é importante que as pessoas solicitem a caixa da vacina, que deve dizer que se trata da dose 2016 para o Hemisfério Sul.

Em São Paulo, a população começou a ser vacinada na rede pública com a versão do ano passado apenas como medida de combate:

— Elas foram usadas como medida de bloqueio ao surto — esclarece Lessandra. Ela reforça que mesmo estas pessoas que já receberam a dose do ano anterior precisam retornar e se imunizar com a versão atualizada da vacina.